Mais uma crise no Brasil
Sérgio Moro fez uma declaração de cerca de 40 minutos no fim dessa manhã para anunciar oficialmente sua saída do ministério da Justiça e Segurança Pública. O pronunciamento era aguardado, desde ontem, uma vez que o agora ex-ministro já havia deixado claro seu descontentamento com a indicação de que o Presidente Jair Bolsonaro substituiria o diretor da Polícia Federal.
O agora ex-ministro disse que havia recebido uma carta branca do Presidente, e que isso não havia sido mantido com a substituição do comando da PF sem o seu consentimento. “Não por quem o substituiria, mas sim, por quê”.
Mas, o que era esperado, na verdade, revelou mais uma crise para o castigado país, que enfrenta uma pandemia e uma instabilidade política poucas vezes vista na história. Na semana passada, o Presidente demitiu também o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, mais um ministro que mantinha uma boa aceitação na sociedade e, com ela, um bom relacionamento, assim como Moro que foi um dos responsáveis pela eleição de Bolsonaro. O jurista simbolizava uma linha de governo democrático e preocupado com o combate à corrupção, imagem essa que, aos poucos, vai se desfazendo nesse pouco mais de um ano de mandato Bolsonaro.
Dentre muitas outras declarações gravíssimas, Moro afirmou que o Presidente queria interferir nas investigações da Polícia Federal, órgão que conduz as investigações sobre o chamado “Gabinete do Ódio”, na CPI das Fake News, e outras que envolvem os filhos de Bolsonaro. Moro disse ainda que “não assinou a exoneração do ex-diretor da PF Maurício Valeixo, que foi oficializada nessa madrugada, no Diário Oficial, deixando a subentender um crime de falsidade ideológica, um crime que entra no hall dos que podem levar a um processo de impeachment do Presidente, como explicaram alguns especialistas em direito político.
Foto: Lula Marques