Ele é conhecido como “Queijinho” desde os primeiros meses de vida, graças ao tratamento carinhoso de um tio. Agricultor, pai de 4 filhos, José Dias de Melo cultivou durante muitos anos a batata e resolveu topar a nova empreitada que foi entrar para a política depois dos 60 anos. Quatro anos após ter sido derrotado, em sua primeira eleição, é o candidato eleito a Prefeito de Ipuiuna, com uma diferença de mais de mil votos, e deve assumir em janeiro do próximo ano a terra conhecida como a capital do broto que o fez conhecido em toda a região.
Confira a seguir a entrevista com Queijinho feita pelo Jornal das Gerais na última terça-feira, em sua residência em Ipuiuna.
1) O que fez um empresário bem sucedido do agronegócio topar esta nova empreitada que foi entrar para a política?
Eu acho que Deus existe e que Ele está no meio da política. Eu nunca esperava ser um candidato. Mas, a pessoa sendo um eleitor, ela é um político, então, aconteceu de eu pensar em envolver com a política. Eu pensei: eu já trabalhei bastante pra mim, agora quero mudar o jeito de olhar a necessidade do povo, quero trabalhar para o povo. Pensei em experimentar pra ver. A política tá muito desacreditada. Tem gente de tudo jeito. Gente desonesta tem em qualquer lugar. Então, minha intenção é entrar lá (Prefeitura) e fazer um bom trabalho, deixar um exemplo bom para a família, para a população. No dia que os netos virem saber que o avô deles fez algo de bom para a cidade, e para aqueles que vierem após a mim, sabendo que eu fiz um bom trabalho, deixar um segmento. Se Deus quiser, como eu quero fazer um bom mandato, já que a intenção da gente é agir certo, fazer um mandato honesto, não tenho malícia de fazer um mandato tirando do povo. Eu acho que o prefeito tem que administrar o que é do povo, então, vou trabalhar para a população.
2) É comum as pessoas primeiro serem vereadores, depois se candidatarem a prefeito (a). Por que o senhor quis logo se candidatar a prefeito?
Eu não tive a oportunidade de ser vereador. Nunca recebi nenhum convite. Eu nem filiado a partido eu era antes. Depois de dois anos filiado, naquele momento da disputa, estava difícil achar um candidato, e indicaram meu nome e eu aceitei. Porque tem que ter um adversário, uma concorrência pro gestor senti aquela firmeza e fazer.
3) No momento que o senhor perdeu a primeira eleição, o senhor pensou em desistir?
Não.
4) De uma eleição pra outra, o senhor que havia perdido, foi eleito com mais de mil votos de diferença. A que o senhor acredita que se deve essa mudança de opinião do eleitorado ipuiunense diante de sua pessoa?
Um pouco é rejeição ao prefeito atual, e outro tanto é a esperança do povo de que a gente entre e faça alguma coisa boa para o povo. É a vontade da renovação.
5) O senhor pode antecipar quem será a sua equipe?
Ainda não, ainda estamos em “veremos”, analisando ainda.
6) O que o senhor acredita que seja sua principal dificuldade em seus quatro anos de governo? O que é difícil, na sua concepção, em administrar em Ipuiuna?
A área da saúde. A saúde não tem hora, não espera. De repente, surge um problema. Por isso que, se Deus quiser, a gente vai estar sempre olhando, sempre dando um apoio à população.
7) E falando em saúde, o senhor pretende fazer algo pela Santa Casa? Ela fica ou fecha?
No meu pensamento, ela fica. Só que eu tenho que esperar, a partir de janeiro pra ver como é que tá a situação e fazer umas mudanças na administração, porque do jeito que está, não tem jeito. Ela já vem de muitos anos precisando desta mudança, por causa da má administração que está lá. Mas, não pode deixar fechar não, pois se fechar, depois fica difícil pra gente construir um hospital. Ela só fecha se não tiver recurso mesmo, mas a intenção da gente é manter ela. Só que melhorar.
8) Com relação ao emprego, o que o senhor acha que poderia ser feito em Ipuiuna para haver mais empregos?
A gente tem que correr atrás das pequenas empresas, industrias, e favorecer as que já existem, com terrenos, com barracões. Porque só na agricultura, já tem uma população que não aguenta mais trabalhar. São mulheres, pessoas de mais idade. Então, eu acho que a gente tem que buscar recursos. Porque a cidade cresce como um todo quando há trabalho. E as industrias que existem aqui, nós vamos dar apoio. Já conversei com o dono da fábrica aqui, e ele me garantiu que se tiver mais espaço, um barracão maior, já pode gerar mais 50 a 70 funcionários. O que já ajuda muito, já em nosso primeiro ano de mandato.
9) Falando em emprego, existe um boato aqui em Ipuiuna que diz que os grandes produtores de batata exercem uma influencia, não deixando vir industrias para o município por conta do encarecimento da mão de obra. O senhor acredita que exista isso mesmo?
Não, não existe isso não. Isso é só boato político, maldoso que já vem de muitos anos. Desde a época do Xu (Prefeito) que saiu um comentário que aquela fábrica de adubos que está instalada em Congonhal era pra ser em Ipuiuna. Mas isso não é verdade. Ela não veio pra cá porque não existia terreno. Mas, tenho contato direto com todos os produtores e nunca pensaram isso. Tem oportunidade pra todo mundo. Tem muita gente pra trabalhar.
10) Para ingressar na política, o senhor tem alguma inspiração, algum prefeito a quem o senhor acredita que deva ser seguido como exemplo?
Na parte da roça, o Xu foi um bom exemplo. Depois, um prefeito que fez um bom trabalho de administração, foi o Cido. Ele é alguém a quem eu acho que deva copiar. Todos fizeram alguma coisa, deixaram algumas outras a desejar, mas o Cido fez mais pelos pobres. Acho que a gente deva olhar para todos os lados, mas o lado das pessoas mais humildes, acho que a gente deve sempre procurar. Assim como a gente pretende apoiar, no que for necessário, aos que tem uma condição social melhor. Todos merecem nossa atenção.