As cidades que são vizinhas têm mais em comum: Congonhal e Ipuiuna também comemoram aniversário no próximo dia 12 de dezembro. E mais que isso: comemoram ambas 69 anos de emancipação político-administrativa.
De hábitos comuns, em cidades tipicamente interioranas, onde ainda se vê, com frequência, chaves nos contatos de carros com portas abertas; onde a igreja matriz continua sendo a referência pra grande parte dos endereços; ou onde os vizinhos se reúnem para as novenas de natal, as semelhanças vão se estreitando, quando se abordam aspectos econômicos de Congonhal e Ipuiuna. Uma se envereda pela indústria e serviço, e outra se mantem mais enraizada no agronegócio.
Congonhal é uma cidade que vem crescendo bastante com a instalação de fábricas no município. A renda gerada com a participação dessas industrias na economia local vem elevando a renda per capita e proporcionando investimentos na área de construção civil.
Hoje, a renda de Congonhal tem uma relação forte com outra “Vizinha” que é a cidade de Pouso Alegre. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a maior parte das pessoas economicamente ativas do município estão empregadas na área de indústria e prestação de serviços.
E, ao entrevistar pessoas do município, todas afirmam: as famílias, cada uma delas, tem ao menos um ou dois de seus membros trabalhando em Pouso Alegre. Várias linhas fazem o transporte de trabalhadores da cidade até Pouso Alegre desde as 4 horas da manhã, diariamente. E são três turnos de fábricas instaladas nesta cidade que captam muita mão de obra congonhalense. E as escolas também! Muitos alunos moradores de Congonhal estudam em PA.
De olho nesta mão de obra disponível no município, Congonhal vem conseguindo atrair também muitos migrantes de várias regiões do país, e a administração pública local conseguiu a posse de um terreno amplo, às margens da BR 459, onde deve ser instalado um distrito industrial, para captar e aproveitar a renda gerada com impostos e empregabilidade para dentro dos limites de Congonhal.
O grande desafio para os gestores locais, e responsáveis pela administração do que é público, é disponibilizar serviços de acordo com a ampla demanda advinda com esse fluxo migratório cada vez mais constante no município.
A produção agrícola, que sempre foi forte também no município, hoje aparece em terceiro lugar na geração de renda.
A produção de mandioca e batata foram dividindo espaço com a diversificação vinda com outros investidores. Hoje o município também produz brócolis e morango, por exemplo, trazendo mais opção para o homem do campo.
Uma outra fonte de renda que sempre foi característica de Congonhal é o turismo. Muitas pessoas movimentam a cidade ao virem conhecer as suas cachoeiras e pesqueiros. Uma cidade de clima quente e onde os finais de semana são momentos de se explorar a possiblidade de ganhos de turistas. E as festas, mais de 20 realizadas ao longo do ano, são também atrativos para quem mora na região.
Já Ipuiuna mantém uma economia ativa, mas com grande dependência do meio rural. Talvez, pela sua posição geográfica, ou outros fatores sociais, a cidade não emplaca a atração de pequenas industrias ou fabriquetas para seu território. Mas, aposta com grande vigor nas suas vocações naturais. E como tal, mantem o agro forte, sempre!
Como a própria história da fundação de Ipuiuna está atrelada à bataticultura, mesmo não tendo exclusividade ao broto dourado, como fora em épocas passadas, a terra da batata continua produzindo muito, e com grande diversificação. Hoje Ipuiuna mantém grandes lavouras de batata, mas, devido a sua sazonalidade, mesmo compensada por tecnologias, que garantem a produção de batata 3 vezes por ano, seu solo abriga a produção de outros gêneros como o milho, o sorgo (que, apesar de pouco conhecido, é um dos cinco grãos mais cultivados no mundo), a soja, a mandioquinha e o morango, dentre outros.
De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, o mais recente a ser realizado no país, e com o Agrônomo, e secretário de Meio Ambiente de Ipuiuna, José Acácio de Vilas Boas, que há mais de 35 anos mantém suas pesquisas em solos ipuiunenses, são quase 19 mil hectares de área produtiva no município. Nestas, 40 mil toneladas de batata são colhidas em Ipuiuna, distribuídas em 800 até mil hectares cultivados em três lavouras anuais. Algo que é permitido por conta da altitude acima dos mil metros, e pelo solo adequado. Já o feijão são 55 toneladas. E o milho são 22 mil toneladas por ano. Já a soja é responsável por manter uma área de 240 hectares plantados no município. Mandioquinha, que foi um dos primeiros produtos a dividir espaço com a batata, hoje ocupa de 800 a 1.000 hectares em solos ipuiunenses.
E tudo isso, aliado ao fato da cidade ser o berço do Rio Pardo. Algo que parece contraditório, na verdade, revela um avanço. A preocupação com o meio ambiente está presente nessa forte produção agrícola.
Segundo José Acácio, para receber a produção vinda de Ipuiuna, assim como a de outras praças, mercados como o Geagesp de São Paulo fazem minuciosas análises e a batata aqui produzida, por exemplo, segundo estes estudos, não apresenta contaminação. Assim como o morango, por exemplo, tido antigamente como um vilão por receber altas doses de insumos. Hoje, aparece sem contaminação, segundo o agrônomo, já que as técnicas de manejo mudaram muito, e há muitos produtos orgânicos que substituem os chamados “venenos”. Uma esperança para que solos tão férteis continuem sendo produtivos e sustentáveis. Afinal, a saúde não pode coexistir com tantas ameaças invisíveis.
Falando em saúde, o município mantém bravamente, e como pode, sua principal instituição que é a Santa Casa, uma das poucas que resistem, na região. Os recursos públicos, principalmente, os do próprio município, mantém a casa que é importantíssima para os atendimentos dos ipuiunenses. E muitas filhas e filhos seus, inclusive, já alí trabalham, promovendo a saúde. É um orgulho para a cidade verem seus jovens se destacando neste campo, apesar da educação não ser tão valorizada em terras onde o empreendedorismo não precisa de títulos para se destacar. Talvez por isso mesmo, o setor de serviços ainda sofre para se manter somente no município, e muitos profissionais recém-formados precisam deixar a cidade para tentar a sorte noutras praças. Um desafio para os gestores locais.
Mas, isso não tira a alegria dos ipuiunenses. Um povo festeiro por conta própria. Tem um calendário festivo bastante animado, e que remonta sempre às tradições sertanejas como aos carros de boi, ou festas de igreja, para atrair seus visitantes, e seus filhos ausentes.
Cada uma com seu jeitinho, o fato é que ambas as cidades vem se modernizando, sem perder a essência de cada uma. E torcemos para que os próximos 69, 70, 100 anos, e todos os outros que a história lhes confiar, sejam sim de muito trabalho, de desenvolvimento, de muita prosperidade. Pois é um luxo podermos morar e conviver nestas cidades tão amadas e bonitas, por natureza!
Parabéns Congonhal!
Parabéns Ipuiuna!