O clima ficou tenso no início dessa tarde, em Ipuiuna, depois que houve um impasse entre trabalhadores de uma confecção e representantes do SINDICAVESPAR- Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Confecções dentre outros, de Pouso Alegre (MG) e região.
Os representantes do Sindicato informaram que foram à sede da confecção (a única da cidade de Ipuiuna) hoje para confirmarem se os funcionários abriram mão da representação do Sindicato e de seus direitos trabalhistas, por livre e espontânea vontade, como sugere um abaixo assinado entregue recentemente à Justiça do Trabalho, numa ação que corria contra a empresa, depois que, o Sindicato afirmou ter recebido denúncias de que alguns direitos dos trabalhadores não estavam sendo cumpridos, como o pagamento de férias e vales.
“Nós recebemos denúncias, em março deste ano, de que a fábrica não vinha mantendo suas obrigações com os funcionários em dia e viemos investigar. Na ocasião, fomos recebidos pelo proprietário que admitiu as falhas, porém, se recusou a informar uma data para resolução desses problemas. Aguardamos, e depois ele foi oficializado, e tinha um prazo de até 10 dias para regularizar a situação. Daí, entramos com uma ação coletiva na Justiça do Trabalho. E na véspera da audiência, foi apresentada pela advogada da empresa uma lista, sem cabeçalho, (com assinatura de quase todos os funcionários), onde eles renunciavam a ação judicial proposta pelo Sindicato. A Juíza do caso então não está exigindo da empresa o pagamento das obrigações trabalhistas para todos os funcionários que assinaram a lista”, explicou a Secretária do Sindicato Benedita Donizete Soares.
Para o Sindicato, houve, porém, algum tipo de ameaça para que esta abdicação por parte dos funcionários acontecesse. “Viemos aqui confirmar se os funcionários assinaram essa lista sabendo do que se tratava, e se houve alguma ameaça para que eles assinassem. E, dedução minha, acredito, que tenha ocorrido mesmo, pois os funcionários gritavam a todo momento: Que se o Sindicato não tirasse a ação, a empresa iria à falência, de que seriam mandados embora, que a fábrica ia fechar”, disse a Secretária.
O proprietário da fábrica, Luiz Paulo de Sousa rebate veementemente, porém, a acusação de que teria ameaçado os funcionários a abdicarem de seus direitos trabalhistas. “Isso não é conduta nossa. Nós trabalhamos num sistema quase que como numa família. Nós temos funcionários aqui desde a abertura da nossa empresa, há 22 anos. A gente tem idoneidade pra dizer com convicção de que nunca faríamos isso”.
O empresário não nega, no entanto, que a empresa vinha tendo dificuldades para manter todas as obrigações trabalhistas em dia, mas que a divergência com o Sindicato havia acontecido, no entanto, pela falta de prazo que ele teria tido por parte do Sindicato, para a resolução dos problemas da firma. “O Brasil enfrenta uma séria crise e nós, estamos no meio dela. Mas, o que pedimos a eles é um prazo para regularizar essa situação. E eles nos deram coisa de uma semana, ou 10 dias. Se a situação já é delicada, como que a gente vai resolver isso em 10 dias? Daí o caso foi para a Justiça e nós recorremos da forma que achamos que tinha que recorrer. E a juíza aceitou. Tanto é que eles foram condenados a pagar as custas dos nossos advogados e é isso que está revoltando eles”, disse Luiz.
O Presidente do Sindicato Marcio Mario de Faria disse que o Sindicato veio até a fábrica, que hoje emprega cerca de 50 pessoas, para saber como foi essa reunião na qual os funcionários assinaram essa lista. Se eles sabiam para que seria. “Mas, estamos sentindo um clima muito tenso, desde quando chegamos aqui, junto aos trabalhadores e ouvimos por parte deles a fala de que o Sindicato quer fechar a empresa. Sindicato não fecha empresa. Nossa função é representar, democraticamente, os funcionários. E queremos voltar a ter esse bom relacionamento com eles”, disse.
Mas ao que indica o início de tumulto hoje na porta da fábrica, essa relação parece que, de fato, não será mais a mesma. A maioria dos funcionários não concordava com a atuação do Sindicato. Muitos gritavam que sempre receberam em dia e que entendiam a crise do país e, consequentemente, na fábrica, e discutiram com os sindicalistas por um bom tempo, até que eles foram embora.
Mesmo assim, o presidente afirma que o Sindicato recorrerá da sentença em Segunda Instância, devendo o processo agora ser julgado em Belo Horizonte.