Tentativa de impedir transferência de lixo radioativo para Caldas continua

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No sábado, 16/10, a Aliança da Pedra Branca, junto com o vereador Daniel Tygel, organizou uma audiência para discutir com a população caldense a questão da possibilidade de transferência de resíduo radioativo, conhecido como Torta II, para o município de Caldas. A transferência de mais de mil toneladas de rejeitos da unidade da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) de Interlagos (SP) para a unidade de Caldas, foi anunciada há cerca de 2 meses, e de lá pra cá, várias tentativas no sentido de mostrar a indignação e a recusa da população de Caldas para com esta intenção da INB.

Participaram da audiência no Salão Vermelho do Coopas o deputado Federal Rogério Correia (PT), a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), o prefeito de Caldas Ailton Goulart (MDB), o presidente do PT de Caldas, Bagu, vereadores, o Pároco Fabiano e membros da sociedade civil.

Durante as falas de cada participante da mesa, ficou claro a intenção de cada um em exigir o cumprimento mais rápido possível do processo de descomissionamento da mina de urânio, (a primeira unidade, inclusive, a enriquecer urânio no Brasil), das barragens de rejeitos e dos depósitos de lixo radioativo que já existem na unidade caldense.

O vereador representante do mandato Movimento, Daniel Tygel, falou na abertura da conversa que a aparente intenção da INB em trazer os resíduos da unidade paulistana para Caldas preocupam, não somente por essa transferência em si, mas por ela deixar claro, segundo o vereador, a intenção da INB em utilizar o mesmo espaço para o descarte de mais material radioativo que não só esse de Interlagos. “Querem fazer de Caldas um lixão de material radioativo e isso nós não podemos permitir”, disse.

Diante do caso, a Câmara de Caldas fará uma audiência pública nesta quarta-feira, 20/10, para debater o assunto e o prefeito Ailton Goulart também disse que há uma reunião, agora em solos caldenses, sendo agendada entre a equipe da administração municipal e dirigentes da INB. Mas, que aguarda a definição da data por parte da empresa.

 

Prefeito de Caldas disse que até os celulares da comitiva que o acompanhou na mais recente reunião com a INB foram “confiscados”
Durante a audiência, o prefeito de Caldas Ailton Goulart (MDB) apresentou os fatos mais recentes na luta do executivo caldense para impedir a transferência do material radioativo para a cidade. E contou aos presentes, e diante dos canais que faziam a transmissão da audiência ao vivo, que “nunca se sentiu tão constrangido como na reunião da qual participou, junto a membros da comitiva caldense, com a INB, na sede da empresa, no Rio de Janeiro, em 14/10. “Fomos muito surpreendidos, negativamente, quando ao chegarmos para a reunião, tivemos nossos celulares confiscados. Eu não entendo o porquê, mas, pensei no meu compromisso com Caldas, engoli a seco e continuei para ouvir o que eles tinham a dizer”, declarou o prefeito. Mas, a intenção da INB em trazer o lixo para Caldas ficou evidente, nas palavras do chefe do executivo de Caldas que garantiu, no entanto, que lutará com todas as forças para evitar essa transferência. “A população de Caldas precisa saber que tem um prefeito que ama Caldas e lutará até o fim para que isso não aconteça”.
Mesmo assim, o prefeito antecipou que aguarda a confirmação de mais uma reunião, agora em Caldas, entre ele e demais integrantes da administração municipal com a INB, agora em Caldas.

Falta de posicionamento do governador mineiro sobre a questão também preocupa representantes mineiros
Abrindo sua participação na audiência, o deputado Federal Rogério Correia (PT) destacou  o que chamou de “submissão do governo mineiro” quando não se posicionou, até hoje, sobre a possível vinda de material radioativo para solo mineiro. Até por conta da existência de legislação específica que já proíbe essa operação. Segundo o Decreto nº 40.969, de 23 de março de 2000, “é proibido o ingresso no Estado de Minas Gerais de rejeitos radioativos”, prevendo todas as sanções cíveis, financeiros e criminais a quem for responsável por tal ingresso ou até mesmo pelo transportador.
“Falta firmeza do governador. Já era pra ele ter dito que é contra a vinda de material radioativo para Caldas. A pauta do município, sua vocação, não é essa. A pauta dos prefeitos, vereadores, da população de Caldas é da agroecologia, do meio ambiente, do turismo. Nada tem a ver com o lixo radioativo. Isso só iria fazer com que a região, ao invés de se desenvolver pra aquilo que são suas aptidões, passe a ter, inclusive, uma depressão econômica. Então, o governador tem que ser firme e não ficar abanando a cabeça pra tudo o que o governo federal queira depositar de lixo em Minas Gerais”, declarou.

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