Já não é de hoje que o Jornal das Gerais noticia a insatisfação de moradores com o transporte de eucaliptos pelas estradas, principalmente, as vicinais, do município de Ipuiuna. Eles alegam que as carretas, excessivamente pesadas, danificam as estradas, além de oferecerem riscos a outros usuários de veículos menores, uma vez que os seus condutores não respeitam esses veículos pequenos. Inúmeros moradores denunciam fechadas, quilômetros andando atrás de uma carreta carregada que não dá passagem, dentre outros inconvenientes como a poeira, por exemplo.
Em 2017, uma lei chegou a ser proposta na Câmara de Vereadores de Ipuiuna prevendo a fiscalização destes veículos de carga e a pesagem dos mesmos tendo como referência a umidade e o volume em metros cúbicos de cada carga da madeira, uma vez que o município não possuía balança para aferir o peso. Mas, o projeto de autoria da vereadora Ruth Torres, apesar de ser aprovado por unanimidade pelos vereadores, não foi sancionado pelo prefeito.
Na época, José Dias de Melo, ou “Queijinho”, através de sua assessoria, alegou que tomava esta decisão baseado num acordo amigável feito com representantes da International Paper, empresa responsável pelo corte das árvores, no qual a empresa se comprometia a fazer a recuperação das estradas danificadas.
Dois anos depois, o mesmo problema causa indignação entre os moradores. Agora, o corte de eucaliptos ocorre em área ipuiunense e também, no município vizinho de Espírito Santo do Dourado. Só que em ambos os casos, a madeira é escoada por estradas ipuiunenses. E, os moradores continuam nos procurando e exigindo medidas das autoridades para sanar este problema. A grande maioria deles pede anonimato, temendo alguma represália. Porém, são enfáticos e, inclusive, nos cedem imagens de câmeras de segurança que mostram cargas excessivamente pesadas, principalmente, à noite, passando pelas estradas rurais quando, se acredita, que não haja fiscalização permanente. Como se pode notar, por exemplo, nas imagens cedidas pela vereadora Ruth Torres, feitas em sua residência, que fica no bairro da Chapada. É possível ver as carretas, no dia 31/10, com toras ultrapassando o topo das carrocerias bitrens.
Outro envolvido nesta causa é o vereador Reinaldo Franco que sempre cobra a arrecadação de impostos por conta da exploração da madeira e a recuperação das estradas. O que parece também ser consenso entre todos os envolvidos é que não seja eficaz que essa recuperação das estradas seja feita somente ao final da colheita, pois em mais de 6 meses de corte e transporte de eucaliptos, a população que faz uso das vias enfrenta a poeira, buracos e riscos na esperança de um reparo vindouro.
Mas, e os danos estruturais ao trecho pavimentado da estrada que dá acesso ao bairro rural do Tamanduá, cerca de 4 quilômetros? Os danos à veículos que já enfrentaram buracos durante todo esse período? Isso sem falar que a prefeitura acaba fazendo a manutenção neste intervalo, com recursos próprios. E quem paga esta conta são os contribuintes ipuiunenses.
Outros moradores ainda alegam que suas casas, localizadas à beira das estradas rurais, ainda de terra, e muitas antigas, não possuem estrutura para aguentarem o peso das cargas de eucaliptos, principalmente, próximos à quebra-molas, o que exige a frenagem das carretas e um peso ainda maior sobre elas.
Sobre estas questões perguntamos ao chefe de Gabinete da Prefeitura Celiomar Pitarello, que é quem tem tido mais contato com a diretoria da empresa, para levar as reinvindicações da Câmara, que informou a nossa reportagem que “o Executivo aguarda uma reunião na próxima terça-feira, (12/11) para “exigir” que a empresa recupere as estradas que ela usa, para fazer o transporte de eucaliptos. E que está pra vir aí, na Câmara, uma lei que pode proibir esse tráfego pelas estradas do município, se a empresa não se comprometer a cumprir o que o Executivo e o legislativo municipais irão exigir deles”, diz Celiomar. Por telefone, ele antecipou que uma das exigência seria a da manutenção periódica das estradas, durante a extração das árvores, e não somente ao final dela, como pedido pelos moradores ao Jornal e cuja reivindicação passamos aos representantes locais.
Em contato com o Prefeito da cidade de Espírito Santo do Dourado, que faz limite com Ipuiuna, Adalto Luis Leal, ele disse que “se as carretas carregadas com eucalipto de seu município resolverem passar pelas estradas douradenses, ele pretende enviar projeto à Câmara para também regularizar essa situação”.
A empresa International Paper disse em nota que “segue rigorosamente a legislação que rege o transporte de madeira, bem como mantém rígido controle de peso e altura de carga.
Com relação às condições das estradas utilizadas para esse transporte, a empresa afirma que possui contrato de prestação de serviços de manutenção das mesmas, com o objetivo de reparar eventuais danos causados em suas operações.
A empresa reforça, ainda, que tem o compromisso de instruir e fiscalizar os motoristas e seus operadores logísticos periodicamente e exige o comprimento de obrigações, principalmente relacionadas à segurança, prevenção de acidentes e atendimento da legislação”. Porém, em nenhum momento apresentou este contrato de prestação de serviços de manutenção das estradas. E ninguém vê esta manutenção sendo feita nas estradas, a não ser pela própria prefeitura.
Continuaremos acompanhando o caso e trazendo as atualizações.